Só no final da década de noventa se começa a falar desta ideia de consumo responsável.
O Comércio Justo existe na Europa desde o final a década de 1960, mas em Portugal apenas surgiu trinta anos depois. Em 1998, por iniciativa do Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral, realizou-se em Amarante um seminário sobre CJ no âmbito da MANIFesta. É precisamente nesta cidade onde, no ano seguinte, o Aventura Marão Clube abre a primeira loja de CJ em Portugal.
A história do Comércio Justo divide-se em duas fases principais: a primeira fase decorre entre 1940 e os anos 80, em que as organizações que o suportam foram sensíveis ao apelo lançado pelos pensadores estruturalistas da América Latina e outros teóricos do sistema mundial. A sua acção baseou-se no slogan “Comércio, e Não Ajuda”, e ambicionava por um sistema de trocas mundial alternativo, dotado de uma forte regulação dos mercados internacionais. Numa segunda fase, que se estende desde a década de 80 até aos nossos dias, o movimento pretende garantir o acesso dos pequenos produtores aos mercados internacionais, e lidar directamente com corporações transnacionais.
Na Primavera de 1969, dá-se o primeiro grande passo de afirmação do Comércio Justo na Europa, com a abertura da primeira Loja do Mundo (Worldshop), na Holanda. Graças à combinação de voluntariado e trabalho, as “Lojas do Mundo” cresceram a uma taxa média de 20%, entre 1984 e 1994. Tal crescimento significou o envolvimento de mais de 1 milhão de trabalhadores do Sul do Mundo no CJ, ou seja, trabalhadores que beneficiaram do pré-financiamento de 50% no momento do contrato, de um preço de compra que lhes permite uma vida digna e que se comprometem a destinar uma parte do lucro à comunidade onde estão inseridos (projectos na área escolar, sanitária, entre outros). A actividade dos produtores e a consequente aplicação dos fundos monetários nas áreas a que se destinam é fiscalizada por uma entidade internacional reguladora, que opera directamente no terreno, a FLO, organização responsável pela certificação dos produtos do CJ. O CJ criou uma rede que permite às populações dos países em vias de desenvolvimento comercializar os seus produtos nos países mais desenvolvidos, mediante parceiros comerciais que ofereçam um preço justo pelas suas produções.
Ainda pouco divulgado no nosso país, onde foi introduzido recentemente (a primeira loja portuguesa abriu as suas portas somente em Agosto de 1999), o Comércio Justo conhece elevados níveis de implantação e reconhecimento noutros países europeus. Em Portugal, em Amarante, a 21 de Agosto de 1999, por iniciativa de um grupo local de jovens, associados do Aventura Marão Clube, abre a primeira Loja de Comércio Justo portuguesa. Desde 1999, várias foram as organizações que se dedicaram ao Comércio Justo, abrindo worldshops um pouco por todo o país: Amarante, Guimarães, Porto, Lisboa, Coimbra, Almada, Barcelos, Braga, Pragal, Faro, Aveiro e Tondela.
A Coordenação Portuguesa do Comércio Justo (CPCJ) foi um marco importante na história do Comércio Justo em Portugal. Da CPCJ fizeram parte diversas organizações de CJ portuguesas: Acção Jovem para a Paz, de Coimbra, Cores do Globo, de Lisboa, Associação Recreativa e Cultural do Algarve (ARCA), Aventura Marão Clube, de Amarante, Cooperativa de Consumo Planeta Sul, de Lisboa, Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral (CIDAC), de Lisboa, Cooperativa de Consumo Mó de Vida, do Seixal, e Terra Justa, de Peniche. Esta coordenação nacional foi criada em 2001 com o objectivo de fortalecer o movimento em algumas áreas específicas, nomeadamente a imagem pública do Comércio Justo, a execução conjunta de campanhas, servir como suporte a novos interessados em aderir ao movimento através da abertura de novas Worldshops, ser uma plataforma de debate e reflexão e conferir a este movimento alguma visibilidade no resto da Europa.
Actualmente, a CPCJ deu lugar à Equação, cooperativa de cooperativa de CJ, fundada em 2007, fundada em 2007, da qual a Associação Reviravolta é presidente e membro fundador, cujos cooperantes são a Alternativa – Associação para a Promoção do Comércio Justo, Aventura Marão Clube, Cor de Tangerina – Cooperativa Multisectorial de Serviços e CTM Altromercato, de Itália, cuja actividade principal é a de actuar como entidade importadora e distribuidora de produtos do CJ.
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Fonte: Coelho, Sandra Lima
“(N)o Mundo (d)a (Revira)volta – formas alternativas de distribuição numa era de globalização: o Comércio Justo”
http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/7592
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Organizações Portuguesas
AJP – Granja do Ulmeiro
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Alternativa
www.alternativa.comercio-justo.org
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ARCA
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Associação para o Desenvolvimento Social da Freguesia de Margaride
Tlf: 255 313302 ; E-mail: adsfm@sapo.pt
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Aventura Marão Clube – Amarante
http://www.aventuramaraoclube.com/
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CIDAC – Lisboa
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Cooplaneta – Cooperativa Multissectorial de Consumo, Crl
http://empresas.einforma.pt/Ficha_COOPLANETA-COOPERATIVA-MULTISSECTORIAL-CONSUMO-CRL.html
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Cor de Tangerina – Guimarães
http://cor-de-tangerina.blogspot.pt/
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Cores do Globo
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.Equação
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Mó de Vida
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Orbis, Cooperação e Desenvolvimento
http://www.orbiscooperation.org/orbis/
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Terra Justa – Peniche
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